sexta-feira, 8 de abril de 2016

Cascata do Acido Araquidonico

Sempre que a membrana celular é lesada a quebra dos fosfolipideos, que compõem esta membrana, pela enzima fosfolipase origina o acido araquidonico.

Na presença da enzima Ciclo-oxigenase (COX) o ácido araquidonico se transforma em prostaglandina. As prostaglandinas são responsáveis por impedir a coagulaçao do sangue no momento da diapedese e também atuam na vasodilatação.  Nesta via também são gerados os tromboxanos, substancias responsáveis pela coagulação do sangue provocando a agregação das plaquetas e a vasoconstrição após o momento da diapedese. Note que esses fenomenos são fundamentais para a inflamação e posterior reparo do tecido.

Na presença da enzima Lipo-Oxigenase (LOX) o ácido araquidonico se transforma em leucotrienos, substancias responsaveis pelo aumento da permeabilidade e vasoconstrição.

Existem alguns medicamentos capazes de inibir essa cascata, os anti-inflamatórios.

Os anti-inflamatórios Esteroidais, corticoides, agem inibindo as fosfolipases agindo logo no inicio da cascata com muita eficiencia. No entanto esta classe de medicamentos leva a alterações no sistema metabólico, com muitos efeitos colaterias.

Os AINES, Anti Inflamatorios Não Esteroidais agem inativando a COX, inibindo  a produção de Prostaglandinas.


Mediadores químicos da Inflamação


Para que o processo inflamatório aconteça é preciso que as células do endotélio e os leucócitos reconheçam qual a ação devem realizar. Isso acontece através de moléculas químicas, capazes de sinalizar e estimular os fenomenos vasculares e celulares, esses são os mediadores químicos da inflamação. 

Duas substancia químicas (Aminas) tem uma importante ação nos vasos sanguíneos, são as aminas  Vasoativas Histamina e Serotonina, que agem na contração das células endoteliais e dilatação dos vasos
Sistema proteolítico de contato são um conjunto de enzimas que uma vez ativadas reagem em cascata agindo sobre nos leucócitos na fagocitose e na microcirculação, regulando a homeostase



O sistema COMPLEMENTO - Este é um conjunto de proteínas plasmaticas citotóxicas, que extravasa junto com o leucócito, levando células do tecido e MO a morte.

Ele é responsavel pela quimiotaxia  e lise (quebra) de membrana celular. Com a quebra de membrana celular, o processo inflamatório é ainda mais estimulado.


O sistema CININA 
Este sistema é o responsável pela formação da bradicinina, uma substância química vasoativa, responsavel pela permeabilidade celular, propiciando a saída do leucócito para o ambiente afetado.
Esse sistema começa com  a produção do fator XII no fígado. Esta substância (fator XII) é lançada ao plasma sanguíneo e a partir do fator XII são proteínas plasmáticas chamadas cininogenios, que geram pepitídeos que dão origem a bradicinina, isso só acontece na presença de  proteases específicas (enzimas que quebram proteínas) chamadas calicreína.

Outras substâncias quimicas importantes no processo inflamatório são:
-Componentes lisossômicos dos leucócitos - Responsável pela degradação de MO
- Várias Citocinas - Que agem como sinalizadoras
Óxido Nítrico (NO) e Radicais livres derivados do oxigênio, que são citotóxicos.

Fator de Ativação plaquetária- responsável pelo início do processo de cicatrização.

O SISTEMA DE COAGULAÇÃO

O fator XII de Hangeman não age só no sistema Cinina mas também é precursor de substancias responsáveis pela coagulação do sangue e cicatrização (Protrobina- Trombina- Fibrinogenio- Fibrina) formando fibrinopepitideos.


O Processo Inflamatório.

Inflamação ou flogose (da latim inflamare  e do grego phagos, que significam pegar fogo): é uma reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício.
“é uma resposta vascular a injúria”
Causas
Infecção
Trauma
Injúria física (extremos de temperatura ou radiação ionizante)
Injúria química
Injúria imunológica
Tecido morto (alterações infamatórias ocorrem no tecido  viável adjacente a áreas necróticas)

A inflamação acontece  para preparar a área lesionada para o reparo tecidual.

Como reconhecer o processo inflamatório?
Quando se instala uma inflamação o paciente apresenta alguns sinais, chamados SINAIS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO. São eles

RUBOR (vermelho devido a dilatação dos vasos)
DOR (devido ao aumento da pressão exercido pelo acúmulo de fluído intersticial e devido mediadores químicos como a bradicinina)
CALOR (devido ao aumento do fluxo sangüíneo)
TUMOR- Aumento de volume (devido ao acúmulo extravascular de fluído)
PERDA DA FUNÇÃO DO TECIDO OU ÓRGÃO


E o que acontece durante o processo inflamatório.

Para que as células de defesa (leucócitos) chegem ao local agredido uma série de fenomenos acontecem nos vasos sanguíneos (onde os leucócitos circulam) e nos próprios leucócitos.
A primeira coisa é uma Alterações no calibre vascular, ou seja o vaso se dilata ao aumentar os espaços entre as células de sua parede (endotélio) e pela atração de maior fluxo sanguíneo

 A segunda coisa é o aumento da permeabilidade vascular
 com a Contração endotelial , ou seja cada célula do endotélio se contrai,  formando lacunas intercelulares, abrindo espaço entre as células da parede do vaso para a passagem do leucócito para fora.

Retração juncional ( a junção entre as células se retraem)

Esses fenomenos podem acontecer por  Agressão endotelial direta (com necrose e descolamento endoteliais)

 Ou Agressão endotelial mediada por leucócitos , quando os leucócitos recebem o sinal de que ha uma agressão e sinaliza para as células do endotélio.


O terceiro evento acontece na célula é chamado de Diapedese leucocitária e fagocitose
Neste evento, primeiro acontece a Marginação leucocitária, onde o leucócito chega a perto da parede do vaso.   Depois temos a Rolagem, a célula escorrega para as proximidade da abertura mais próxima. Depois a célula se Adere a parede para iniciar o processo de Diapedese e depois acontece a Diapedese leucocitária, quando a célula lança seu citoplasma para o exterior e sai do vaso.  Uma vez fora do vaso uma série de citocinas trabalham na Quimiotaxia, fazendo a atração quimica entre as células e MO, ou área agredida.
Uma vez fora do vaso e na presença do agressor os leucócitos são ativados e iniciam a fagocitose.



A fagocitose é o englobamento e destruição do MO pelo leucócito (Macrófagos, Neutrófilos). 

Como acontece a fagocitose??
Primeiro há oleucócito  Reconhece  e acopla o MO
Depois da aproximação com o MO o leucócito o Engloba, através dos pseudópodes . 
Uma vez englobado se forma o fagossomo e na presença de enzimas dos lisossomos forma-se o fagolisossomo, essas enzimas  Destroem  ou degradam o MO. Os resíduos dos MO são lançados para o exterior.


Regeneração e Cicatrização

QUANDO UMA LESÃO ACONTECE, O ORGANISMO ORGANIZA UMA RESPOSTA PARA O REPARO DESTAS LESÕES:
Depois da morte de células em uma lesão por trauma ou lesão causada por MO, o organismo entende que precisa preparar a área atingida e depois repor as células mortas.

Reparo é o processo de cura de lesões teciduais e pode ocorrer por regeneração ou cicatrização. 

Regeneração: o tecido morto é substituído por outro morfofuncionalmente idêntico. As novas células são do mesmo tipo da células mortas.
Cicatrização (reparação): um tecido neoformado, originado do estroma (conjuntivo), substitui o tecido perdido. As novas células são diferentes das células que morreram, são células de origem conjuntiva, composto por fibras colágenas.

Os dois processos ocorrem simultaneamente, num balanço dinâmico, mas, em geral, um deles predomina


Substituição de células perdidas por células semelhantes, estrutural e funcionalmente completa.
A regeneração depende da nobreza das células. 
A) células lábeis - São propensas a sofrer regeneração
B) células estáveis- Podem sofrer regeneração e/ou cicatrização
C) células permanentes (perenes)- Propensas a sofrer cicatrização

Alguns exemplos:
CÉLULAS LÁBEIS: EPITÉLIOS, PELE, MUCOSAS, DUCTOS, TECIDO HEMATOPOÉTICO.
CÉLULAS ESTÁVEIS (DE “PRONTIDÃO”):
-CÉLULAS PARENQUIMATOSAS (FÍGADO, RIM, PÂNCREAS,GLANDULAS)
CÉLULAS PERENES: SISTEMA NERVOSO (NEURÔNIOS), MÚSCULO ESTRIADO, CARDÍACO
Regeneração promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido. Todo o procedimento regenerativo se realiza em tecidos onde existem células lábeis ou estáveis, isto é, células que detêm a capacidade de se regenerar através de toda a vida extra-uterina (por exemplo, células epiteliais, do tecido hematopoiético etc.); por intermédio da multiplicação e organização dessas células origina-se um tecido idêntico ao original.
Além dessa condição, a restituição completa só ocorre se existir um suporte, um tecido de sustentação (como parênquima, derma da pele, LAMINA PROPRIA) subjacente ao local comprometido. Esse tecido é o responsável pela manutenção da irrigação e nutrição do local, fatores essenciais para o desenvolvimento da regeneração dentro dos padrões normais. Ou seja é preciso manutenção do tecido conjuntivo na área lesada para que haja regeneração.

É normal no organismo a reposição de células, tipo de regeneração classificado como fisiológica, ou seja, a proliferação celular é contínua para manter a estrutura e o funcionamento dos órgão. Um exemplo é a mucosa bucal (e as demais mucosas), em que o epitélio prolifera continuadamente para a renovação das camadas epiteliais. 

Lesões Celulares Reversíveis

Lesões Celulares Reversíveis
Quando a célula está sendo submetida a algum tipo de agressão ou estresse ela sofre algumas alterações morfológica (em sua forma), estas alterações podem se reverter quando a agressão acaba. Estas alterações são inchação da célula (edema celular) ou ao acúmulo de gordura (esteatose).

edema intracelular ocorre quando a célula é incapaz de manter o seu equilíbrio iônico, ocorrendo entrada e acúmulo de sódio e água na célula- DEFEITO NA BOMBA Na - K.
Ao microscópio ótico nota-se aumento do tamanho da célula, que geralmente torna-se arredondada e com citoplasma pálido, às vezes percebendo-se pequenos vacúolos. O núcleo mantém-se na sua posição normal.
Ocorre princialmente nas células tubulares renais e nas células miocárdicas. Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados, pálido.


Estas células com o citoplasma mais claro e volumoso são exemplos de edema intracelular. 

A esteatose ocorre por hipóxia, agressão por toxinas ou alterações metabólicas.
Neste caso formam-se vacúolos pequenos ou grandes de gordura no citoplasma, que podem deslocar o núcleo para a periferia da célula.

Ocorre principalmente nos hepatócitos e células miocárdicas. Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados.

Figado com células em esteatose, observe que grandes vacuolos levam o nucleo da célula para a periferia. (fonte: http://www.hepcentro.com.br/esteatose.htm)

LESÃO E MORTE CELULAR

Quando uma célula é submetida a uma agressão algumas de suas organelas e sistemas se tornam vulneráveis e podem entrar em colapso. São eles
Membranas celulares- A membrana de uma célula é a principal responsável por manter a célula integra (inteira). Responsavel pelo equilibrio ionico celular, sendo fundamental a manutenção da membrana íntegra para a sobrevivência da célula.
Mitocôndria- Organela responsável pela respiração aeróbica e produção de ATP. Se ha alteração na mitocôndria e na produção de ATP, a célula entra em colapso.
Síntese protéica- Toda célula precisa produzir proteínas, tanto para manter sua própria estrutura (citoesqueleto) quanto proteínas enzimáticas que exercem alguma função biológica . Quando há falha na produção protéica a célula entra em colapso.
Manutenção da integride do genoma- É no genoma que estão todas as informações para a produção protéica e função biológica celular (como a divisão celular por exemplo), sendo assim a alteração no genoma pode levar ao colapso celular.

Mas então, o que pode alterar esses sistemas e organelas???

Depleção (queda) de ATP.
 (por anóxia, isquemia, envenenamentoque levam a afalta de Oxigênio 
Sem o ATP, a falta de energia produz falha das bombas de sódio e potássio, que são localizadas na membrana celular. Com isto há entrada de Na e água e saída de K, produzindo edema intracelular. 
Para obter energia de alguma forma, na falta de Oxigênio, temos o Inicio da Glicólise anaeróbia, que além de ser menos eficiente, gerando menos energia; produz substâncias ácidas (ácido lático, fosfatos inorgânicos) e  diminuição dos depósitos celulares de glicogênio. Com isto há queda do pH intracelular, levando ao colapso celular. 
-Na ausencia de ATP o retículo endoplasmático rugoso começa a perder os seus ribossomos, ocorrendo prejuízo ou parada da produção de proteínas (estruturais e funcionais), o que pode culminar na morte da célula.
ALTERAÇÃO EM MEMBRANA CELULAR

A perda da permeabilidade seletiva das membranas celular, mitocondrial, lisossomal, causa uma série de transtornos à célula, permitindo a entrada ou escape de substâncias, OUSEJA FALHA NA BOMBA DE Na-K e Ca
Esta lesão pode ser causada porfalta de energia (isquemia) ou por lesão direta por toxinas, vírus, substâncias químicas, fragmentos do complemento, etc.
Os mecanismos bioquímicos envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de fosfolipídios das membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, subprodutos da fragmentação dos lipídios.
Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio

A homeostase (equilibrio) do cálcio é indispensável para a manutenção das funções celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a célula e seu acúmulo no citoplasma, além do seu escape das mitocôndrias e  do retículo endoplasmático para o citosol. Então o cácio sai da mitocôndria e do retículo endoplasmático vai para o citoplasma, além de cálcio que estava externo a célula entrar e também se depositar no citoplasma. 
Uma vez no citoplasma, o cálcio promove a ativação de diversas enzimas. Estas enzimas ativadas promovem a inativação do ATP (ATPases), lise das membranas celulares (fosfolipases), lise (quebra) das proteínas estruturais e das membranas (proteases) e fragmentação da cromatina (endonucleases).


Alteração em Mitocondria

Lesões celulares freqüentemente são acompanhadas por alterações morfológicas das mitocôndrias.
As mitocôndrias são lesadas por diversos mecanismos:
-Perda da homeostase do cálcio, cuja concentração aumenta no citosol
-stress oxidativo e fragmentação dos fosfolipídios. O aparecimento de poros na membrana mitocondrial pode levar à morte da célula.
Acúmulo de radicais livres do oxigênio

Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de pequena quantidade de radicais livres de oxigênio, que tem potencial lesivo para as células.

O desequilíbrio neste sistema (aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a lesões celulares.
diversos mecanismos para formação destes radicais livres: absorção de radiação ionizante, metabolismo de determinadas drogas, geração de óxido nítrico (NO) e outros.
O QUE UM RADICAL LIVRE FAZ?
As conseqüências desta agressão por radicais livres são diversas, mas as principais são: peroxidação dos lipídios das membranas (destruição da membrana) oxidação de proteínas e lesões do DNA.
As células possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes radicais livres (vitamina C, catalasesuper óxido-dismutasesglutation peroxidase).